#CircuitoLABxS 2018: Transformando mulheres em promotoras legais e defensoras de direitos

O Promotora Legais Populares de Cubatão é um projeto de capacitação de direitos e cidadania exclusivo para mulheres que começou em abril de 2018 e vai até dezembro.

A organizadora e promotora do curso, Paula Losada, submeteu duas das aulas para o #Circuito2018 e foi contemplada pelas microbolsas.

Ela explica que o curso foi influenciado pelo Direito achado na rua, nova escola jurídica, proposta por Roberto Lira Filho, teoria que prega que o direito não se resume às leis, mas sim pelos movimentos sociais que lutam por direitos sendo reconhecidos ou não pelo Estado.

“Ou seja, que o Direito é um processo dentro de um processo histórico e esse conceito casou muito bem com o PLP. O direito também é um processo vivo e tem várias expressões e não somente a estatal, que é a norma e o direito positivo. Também tem sua expressão na luta social e é o conflito que faz com que esses direitos possam ser ampliados ou sofrer retrocessos”, comenta.

Nesse momento podemos refletir que essa nova escola do direito o entende como um bem comum que pode ser influenciado, modificado e reivindicado por todos e não somente por especialistas.

Segundo ela, a ideia é dar instrução para que as mulheres possam se defender e multiplicar a informação em suas áreas.

Paula Losada, proponente do projeto no #Circuito2018

E como esse processo se aproxima da realidade das mulheres, especialmente de Cubatão?

Obviamente a questão da violência doméstica e contra a mulher parece ser um dos fatores mais importantes para elas. Um dos indicadores é a presença de mulheres que trabalham em salões de cabeleireiro porque trabalham próximas ao público feminino, escutam histórias e denúncias e querem ajudar outras mulheres.

“Elas falaram que o salão é um espaço de muita conversa e lá muitas clientes pedem ajuda em relação a casos de violência doméstica e direitos trabalhistas, por exemplo. É um local de muita troca. E elas sentiram necessidade de passar informação para ajudar as clientes a resolver seus problemas” comenta Paula Losada.

Aproveitamos uma das aulas do PLP Cubatão para entrevistar algumas participantes:

Cecilia dos Santos Magalhaes, cabelereira.

“Amigas me convidaram e acheimuito importante. Porque a gente não conhece muito, não entendemos muito das lei. Eu já me apaixonei.

A gente trabalha com o público e hoje escutei mulheres poderosas e agora posso levar um pouco de conhecimento para o salão. E para as mulheres é essencial, elas precisam fazer esse tipo de curso. Assim a gente fica mais forte, escutando outras mulheres poderosas como essas, a gente vai para o céu.

Nós mulheres temos que estar juntas, porque quando estamos juntas, ficamos mais fortes”. 

Sueli Machado Gomes, professora aposentada, e participa de movimentos voltados a mulheres.

“Na verdade eu já conhecia o PLP de São Paulo mas não tive oportunidade de participar ativamente, quando veio para Guarujá, eu apresentei e compartilhei alguns módulos. Hoje faço parte com dedicação 100%.

Eu trabalho junto comas mulheres, o conhecimento a capacitação. Para mim é crescimento, conhecimento, evolução. Eu por ser professora acho importante nós mulheres estarmos cientes dos direitos, deveres e poder compartilhar com as outras” .

Cristina Moreira de Oliveira, Jornalista.

Fui na formatura no Guarujá da primeira turma de lá e me apaixonei pelo projeto e já milito na área, sou diretora de uma associação de mães de direitos especiais, a gente cuida da mãe, estamos próximos das mulheres. A gente entra muito na periferia e tinha certeza que o curso ia me assessorar muito.

Sororidade, a união das mulheres, quando as mulheres se unem para ajudar. Como feminista, em briga de marido e mulher a gente mete a colher. Quando uma pessoa é agredida moralmente fisicamente ou psicologicametne também somos agredidas, por isso é importante estarmos unidades, justamente, para aumentar a sororidade.

Paloma de Santos, presidente do sindicato Sindilimpeza

Nossa categoria é formada por 80% de mulheres e o curso está maravilhoso porque a gente reencontra a questão do contato, de poder discutir as nossas angústias, as nossas lutas, juntos, olho no olho.

Outro ponto importante é que as pessoas que estão vindo falar também são mulheres. E são empoderadas. É fortalecedor, e traz mais energia e mais força para lutar e ajudar umas as outras.

Para a nossa categoria também é muito importante. Porque podemos nos defender no dia a dia. Conhecer os nossos direitos e ter retórica para argumentar quando tentam nos diminuir. Afinal, o serviço de limpeza é discriminado: quando colocamos o uniforme para trabalhar, em qualquer lugar, nos tornamos pessoas invisíveis.

O curso mostra para as mulheres o quão importante elas são, para além do serviço e trabalho. Mostra também que elas podem ser muito mais, procuradoras, advogadas, médicas, vereadoras. Com certeza vai render bons frutos.

Nós mulheres estamos cada dia mais unidas. Enquanto uma sobe, puxa as outras para fortalecer e ajudar.

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